Traçador de Sinais

   Este projeto de certa forma é um tributo a HeathKit, um fabricante (americano) de kits eletrônicos. Marcou história. Este projeto é uma versão ligeiramente modificada do Traçador de Sinais T-4.

   Hoje em dia, montar um equipamento valvulado é uma aventura, pois muita coisa não se acha mais com facilidade. No meu caso não foi muito difícil porque eu tenho bastante coisa guardada da época que consertava TV, e naquela época ainda aparecia muita coisa valvulada por aqui.

    Esta versão é ligeiramente modificada em relação ao original, para substituir duas válvulas por tipos mais comuns que eu tinha por aqui. O circuito original usava a 12CA5 como válvula de saída e eu usei a 6AQ5. E a válvula olho mágico era a 1629 e substitui pela 6E5C.

   O primeiro passo foi reunir todos os componentes necessários para montagem. E nisso vamos garimpar a sucata atrás de resistores de 1/2W, capacitores cerâmicos para 250V, soquetes, diodos, chaves, potenciômetro, etc... O que é material novo nesta foto? Apenas as duas chaves pretas, as pontes de terminais, o potenciômetro e os knobs verdes.

   Com o material em mãos, o negocio é começar a pensar em como montar isso. Por ser válvulas fica descartado o uso de placas de circuito impresso. Eu não gosto de válvulas montadas em circuito impresso. Prefiro o bom e velho chassi, pois fica mais resistente mecanicamente.

   Para montar o chassi optei por recortar as chapas de sucatas de gabinetes de velhos receptores de satélite.

   Por causa do tipo de caixa que escolhi para a montagem, foi melhor soldar as porcas na chapa base, pois assim eu posso soltar alguma parte caso seja necessário sem ter que remover a chapa base da caixa. A caixa para essa montagem, escolhi uma Patola PB-209, uma velha conhecida minha, pois já a utilizei para montar outros instrumentos de bancada.

   Uma das perguntas que foram feitas ao escolher uma caixa Patola para montar um equipamento valvulado, e se ela agüentaria o "calorzinho" das válvulas?

   De fato, agüentou sossegado. Uma coisa que ajudou bastante é o fato desta caixa ter aberturas de ventilação nas laterais, tanto no fundo quanto na tampa, o que proporciona uma boa circulação do ar.

   E testando pra ver se vai caber tudo e a furação bateu.

O transformador de áudio ainda estava por ser enrolado.

   Os transformadores foram enrolados por aqui mesmo. O transformador de força tem as seguintes características:

   Como pode-se observar eu utilizo o primário de 5 fios (por isso o tap na bobina 1). Este primário é o melhor tipo que pode ser utilizado para redes onde a tensão é 127V ou 220V. O truque consistem em duas bobinas enroladas para 127V porem uma delas com um tap a 93V, dai quando o transformador esta ligado para 220V, teremos 127 da bobina completa somados com os 93V do tap. Então: 127 + 93 = 220V. E alem dessa vantagem, este é o tipo de enrolamento que proporciona uma melhor economia de espaço no carretel e de fio de cobre.

   A ferragem saiu de um velho transformador que veio da sucata e estava com o primário queimado. O calculo foi feito utilizando a calculadora de transformadores de força disponível aqui no site mesmo.

Transformador ainda sem as patilhas e parafusos

   Para o calculo do transformador de áudio utilizei também minha calculadora para transformadores de áudio. Seus dados estão na tabela abaixo:

   Transformadores de áudio para uma válvulas devem ter a ferragem montada com as chapas "E" e "I" em pacotes únicos, não devem ser intercaladas como em transformadores de força! Atenção a isso! O entreferro (gap) por ser muito pequeno não precisa de nada para separar, o pacote das chapas "I" deve ser montado diretamente sobre as chapas "E".

   Primeiramente enrole o secundário e sobre ele, o primário pois isso minimiza indutância de fuga.

   E atenção com a impedância do alto-falante! Ela deve ser respeitada, no caso 8 ohms, pois é ela quem reflete a impedância no primário do transformador. Se você usar um alto-falante de 4 ohms, a carga de placa será de apenas 2250 ohms, a metade necessária! Se for usar um alto-falante de 4 ohms, divida a quantidade de espiras do secundário por 2, e dobre a bitola do fio (use fio 18 AWG).

   Só aperte muito bem a patilha e se possível envernize o transformador, para que este não fique vibrando com o som.

   Uma curiosidade. A ferragem deste transformador foi retirada de uma sucata de um conversor de UHF LB, o qual também forneceu a chave rotativa de 4 pólos, 2 posições.

   Com os transformadores prontos, válvulas escolhidas e testadas (em um testador de válvulas Hickok 800), hora de montar o chassi e ver como vai ficar.

   O suporte do olho mágico foi feito com abraçadeiras utilizada para prender lâmpada fluorescente. Observe que no chassi existe marcado em preto a indicação da válvulas. Isso foi feito com um pequeno truque. Imprimi o texto na impressora laser e em espelho. Basta pressionar o papel sobre o chassi e esfregar um chumaço de estopa embebido em thinner. Segure o papel firmemente senão borra. Ao passar a estopa embebida em thinner, aplique pressão sobre o papel com os dedos. Assim que o thinner evaporar, retire o papel. Pronto!

   Para a montagem foi utilizada ponte de terminais. Montagem de válvulas que se preza é assim.

   Com boa parte da montagem já resolvida, o negócio e começar a pensar na disposição dos controles e conectores no painel. Isso é uma coisa que tem ser muito bem pensando, pois uma vez furado, não dá pra desfazer. O método que uso pra não cometer deslizes é pegar tudo o que vai e colocar em cima do painel, simulando a disposição final. Só depois de achar a melhor disposição é faço as marcas e inicio a furação.

   Um detalhe especial para o arremate do olho mágico. Utilizei um caps de plástico usado para tapar tubo metálico. Recortei a cabeça do caps e lixei a borda até ficar arredondado.

   O alto-falante foi colocado na parte superior da caixa. Utilizei um alto-falante que era de um PX SSB, porem ele estava estragado e fiz a recuperação completa, trocando bobina, centragem, cone, etc. Tive que usar este alto-falante por causa do tamanho do imã, que se fosse um maior não caberia na caixa. Se observar, vai notar um corte na placa que prende os soquetes, esse corte é justamente para encaixar o alto-falante.

   Para fazer o buraco do alto-falante, utilizei a Dremel e um acessório que a transforma em uma mini-tupia manual. Utilizei uma broca para corte de plástico. O resultado não poderia ser melhor. Bastou um pequeno ajuste com uma lima redonda e pronto. Foi o buraco de grande diâmetro mais fácil que já fiz... Antes desse acessório para a Dremel eu utilizaria a técnica de fazer diversos furos, destacar a parte central e acertar a borda na lima meia-cana, lima redonda e lixa ou ainda na serra tico-tico.

   A tela de proteção foi retirada da sucata de um radio gravador/cd e recortada para o tamanho necessário.

   Depois de alguns testes vi que será necessário blindar o transformador e possivelmente toda a caixa. Pois o amplificador é muito sensível e qualquer campo magnético mínimo é o suficiente para ele captar ruído de 60Hz. Tanto que acrescentei uma chapa metálica entre o transformador e o chassi das válvulas, o que melhorou o ruído induzido, mas ainda não está num patamar bom, está apenas aceitável.

   O painel eu já preveni colando na parte interna uma folha de papel alumínio que já está aterrada. Sem ela, bastava aproximar a mão do potenciômetro de volume para que o ruído de 60Hz já aumentasse absurdamente.

   Uma outra coisa que trocando diminuiu o ruído de 60Hz, foram os capacitores do pré-amplificador. Eu havia utilizado capacitores de poliéster metalizado. Trocando por cerâmicos de disco, também reduziu o ruído induzido. A carcaça do alto-falante também está aterrada, utilizei um pequeno jumper ligando o terminal negativo ao rebite que prende a barra de conexão do alto-falante.

   Por fim, blindar o fio que leva o pull-up do +B para o BNC também ajuda.

   Para a ponteira de prova, utilizei uma dessas pontas de osciloscópio chinesas bem baratinhas. Esta ai comprei no Deal Extreme pelo preço de meros US$6,50.

   Para desmontar essa ponteira em especifico é muito facil. Basta desencaixar o cabo de terra, tirar o botão do atenuador x1 - x10, puxar a duas luvas plásticas, e desrosquear o tubo metálico do cabo coaxial. Remova o atenuador (dois resistores e um capacitor) e monte um capacitor de 4,7 a 10nF e um diodo de germânio acompanhando o que está no esquema.

   Não... o componente ali em série com o diodo não é um resistor. É um capacitor tubular de 10nF.

   Também será necessário retirar o trimmer compensador que fica no conector BNC. Para isso desencaixe a borracha de saída do cabo e simplesmente puxe a capa plástica para trás. Remova o trimmer e ligue o cabo coaxial diretamente ao conector BNC.

   Aqui, para não confundir essa ponta modificada com uma para osciloscópio, decidi apagar as marcações de x1 e x10 e com a dremel e uma broca fina, escrevi A e RF respectivamente.

   Enchi o sulco com tinta branca e pronto. Só que... o burro aqui esqueceu que o correto em vez de apenas A, seria AF, mas agora que fique assim mesmo.

   O painel foi desenhado seguindo o estilo que já uso para meus equipamentos de bancada. Abaixo pode ser feito o download de um arquivo PDF com o painel, que serve para a caixa patola PB-209.

   Para usar, não tem segredo. Um traçador de sinais, também é conhecido como pesquisador de sinais. Nada mais é do que um amplificador de áudio. A ponta de prova, por ter um diodo detector serve também para demodular sinais de RF modulados em AM.

   Uma coisa que deve-se ter bastante cuidado é com a opção "noise" que coloca um pull-up no conector de entrada. Como o pull-up é feito com o +B (150V) deve-se tomar muito cuidado pra não usar esta opção com circuitos transistorizados ou mesmo circuitos integrados.

   A utilidade desta opção é testar capacitores de acoplamento (fora do circuito obviamente), a procura de fugas, que se apresentarão como ruídos.

   Download

   - Esquema
   - Desenho do painel

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Última atualização do site em: 10/novembro/2024