Minhas primeiras experiências com
receptores regenerativos datam de 1988, quando tentei montar um
regenerativo para FM (88-108) com esquema de uma revista saber
eletrônica, e digamos que quebrei a cara, pois o circuito não funcionou.
Muitos anos depois ganhei um kit (já
montado) de um regenerativo para banda de aviação, que por sinal era um
kit da saber, e este funcionava muito bem (dentro do que é esperado de
um regenerativo, é claro!), mas eu nem sei que fim levou este kit. Agora
vamos pular para o presente (Abril/2013).
Talvez eu tenha tido uma recaída com o
famigerado vírus "radiococus frequenciae", velho conhecido dos
radioamadores e eu realmente não sei qual foi o bicho que me mordeu e
acendeu a vontade de montar um regenerativo. Depois de algumas
pinceladas no Google, acabei caindo o projeto do
Mangava 2/jr por PY2CWW e PY4JR lááá na página da
RST. Resultado?
Esse foi o eleito para que eu matasse minha vontade de ver novamente um
regenerativo funcionando.
Então... mãos a obra! Vamos juntar o
material necessário. Como esta era uma montagem que eu queria fazer com
o ar mais retrô possível, inicialmente fui atrás das "perfumarias". Ou
seja... a tabua que seria o chassi e que revesti as laterais com
laminado de curupixa e fiz o acabamento com cera. O painel de alumínio
foi pego no ferro-velho, era uma tampa de um suporte de papel higiênico
(acredite se quiser!!!) e deu certinho!
A serigrafia do painel foi feita utilizando
o processo de transferência de toner, que já
é nosso fiel e velho companheiro.
Dai vieram os detalhes mais "burocráticos".
Como fazer uma bobina bonita e com cara de antiga? Eu não queria enrolar
em um tubo de PVC marrom, alem de não ser a melhor forma do mundo para
se fazer uma bobina, não tem digamos... "classe".
Então... vamos bolar um método de fazer uma bobina. E isso até rendeu
este pequeno tutorial de como se faz uma bobina desta em casa.
Feita a bobina, fui revirar a sucata pra
conseguir os componentes de época. Resistores, capacitores de poliéster
(os zebrinha) e transistores da Ibrape, eletrolíticos Siemens e
Philips, potenciômetros Constanta, capacitor variável Douglas... entre outras coisas antigas que você poderá ver e relembrar
nas fotos.
A cara do Mamangava 2/jr ficou assim:
O dial também foi feito pelo processo de
transferência de toner.
Curiosidade... porque o meu chama-se
Mamangava ao invés de Mangava como no original? Bem... é porque aqui
deste lado do interior de São Paulo, conhecemos essa abelha por
Mamangava. E como os dois nomes são aceitos para a abelha, isso não
importa muito.
O esquema, com as devidas modificações
ficou assim:
Minhas alterações. O amplificador de áudio
voltou a ser um
TDA2003 e existe uma pequena mudança no pré-amplificador, que foi
colocar o capacitor de desacoplamento no resistor de emissor para
aumentar o ganho do pré.
Também foi modificado o valor do resistor
do atenuador. Abaixei para 22R. O valor original tinha uma atenuação
muito pequena na minha opinião. Claro que esse valor menor desintoniza
ainda mais o receptor quando ligado, mas foi o preço a pagar.
Também quis modificar a cobertura de
freqüências. O meu ficou de 6.900 a 7.300. Para isso o capacitor
variável "depenado" ficou com 15 - 152pF. E em conjunto com o trimmer de
ajuste, o valor final ficou em 11 a 30pF. Então concluí-se que qualquer
outra combinação de trimmer + variável que chegue a faixa de 11 a 30pF
servirá. E a bobina foi reduzida para 3.6uH
É muito curioso ver o que um simples BF494
pode fazer em matéria de recepção. Digamos que ele é tal como a Amélia,
a mulher do padeiro... pois como diz a história, ela faz tudo sozinha.
No caso do BF494, ele é oscilador, amplifica o sinal, faz o batimento e
faz o detector.
Optei por fazer a montagem em ponte de
terminais, por ser bastante rápido. Gastei uma tarde de sábado e o
domingo para montá-lo. E esse tipo de montagem é uma terapia, pelo menos
por algumas horas me desliguei completamente do mundo.
Abaixo mais fotos do receptor e um vídeo
dele em funcionamento, com uma antena dipolo para 40/20 metros (dipolo
trapeado).